domingo, 30 de setembro de 2018

(Des)Encanto - Resenha


Apesar de ter assistido diversos episódios de Os Simpsons, nunca tive ânimo para acompanhar a série. Futurama, menos ainda (esse eu só assisti alguns episódios pingados na TV). Mas ambas as séries me renderam algumas risadas, então, quando ouvi que a Netflix ia lançar (Des)Encanto, resolvi dar uma chance para a nova série do Matt Groening, o mesmo criador das duas que citei aí em cima.

A série de animação é uma comédia que conta a história de Bean, uma princesa rebelde e alcoólatra da Terra dos Sonhos, um reino medieval de um mundo fantasioso. Junto a ela estão seus dois companheiros, o ingênuo Elfo e o demônio Luci (que, aliás, têm uma dinâmica excelente, onde, diversas vezes, um estimula o lado bom e o outro o lado mau de Bean).

Quando comecei a assistir o primeiro episódio, achei que o desenho animado ia ser uma paródia de Guerra dos Tronos. Apesar de ter percebido algumas referências à série da HBO, logo vi que a ideia não era essa, e essa introdução foi o suficiente para eu começar a gostar dos três personagens principais e da história em volta deles. Também senti, nesse primeiro episódio, apesar de ter rido alto com algumas piadas, que a série foca mais na história do que no humor em si. E vejo isso como um ponto positivo.

Conforme os episódios foram seguindo, senti alguns momentos de monotonia e piadas sem graça que às vezes estragavam um pouco a experiência. Algumas coisas, quando você para para pensar, não fazem muito sentido no roteiro, mas, se render umas risadas, vale a pena aceitar esse tipo de situação.

Quando estava na metade da temporada, o mundo apresentado na série já se tornava familiar, e fiquei muito contente quando começaram a mostrar outros locais além da Terra dos Sonhos. Fico imaginando as infinitas possibilidades de histórias que podem ser exploradas.

Algo que contribuiu muito para o enredo foi a apresentação de um arco do primeiro ao último episódio, e não histórias e situações isoladas em cada um que não agregariam em nada para o panorama geral. Também achei que o mundo foi explorado de uma maneira bem consciente, e o espectador pôde conhecê-lo sem que nada fosse forçado.

No final, fiquei com a sensação de que a história contada foi excelente, e estou realmente ansioso para ver a continuação, até porque nenhuma trama foi concluída ou explicada. Por mais que nada de novo e surpreendente tenha sido apresentado, acredito que os próximos episódios têm o potencial de ficar muito melhores.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

The Promised Neverland e quando um mangá deve acabar.

Com a revelação de que o mangá The Promised Neverland está entrando em seu arco final, a velha discussão volta à tona nos fóruns “especializados” de mangás: quando uma obra deve acabar?
No mercado atual de mangás, obras famosas parecem ter a obrigação de durar o máximo de tempo possível para poder arrecadar o máximo de dinheiro possível até saturar e entrar no “esquecimento”. Uma obra de sucesso meteórico no mundo todo anunciar que não vai durar mais muito tempo é de se estranhar. E olha que esse mangá é publicado na toda poderosa Shonen Jump, que não é a mais receptiva a finais de mangás que são considerados de sucesso na revista. Mas parece que The Promised Neverland conseguiu esse feito, coisas que muitos de seus antecessores não conseguiram.
Não vou citar o exemplo do meu tão amado Naruto, que até pode não ter sido estendido pela Jump, mas que teve seu último capítulo totalmente estragado com aquela penca de filharada que foi apresentada junto com a triste notícia da continuação chamada Boruto, isso foi..., mas muitos outros exemplos podem ser vistos na Jump e nas outras revistas do Japão. Acho que o maior deles é Death Note, que teve sua história claramente concluída no meio da obra, mas por algum motivo os autores resolveram meter mais personagem e enxugar até a última gota do mangá. Mas por isso a segunda metade de Death Note foi ruim? Não, mas isso é mérito dos autores que conseguir deixar o nível da história alto, mas que teve o dedinho da Jump para a história continuar, isso teve.
Mas não é sempre que um mangá consegue continuar com uma história boa por tanto tempo, e um exemplo disso é Bleach, que começou como um carro chefe da Jump junto com Naruto e One Piece, mas foi se perdendo ao longo do caminho até ser finalizado aos trancos e barrancos no final da TOC. Mas a discussão não é bem essa.
A verdadeira discussão é: quando um mangá deve acabar? Apesar de ser bastante comparado as histórias em quadrinhos Ocidentais, os mangás se diferem muito das obras mainstream dos quadrinhos. Na minha opinião, um mangá se compara mais a seriados, onde cada série briga com as outras por audiência para poder se manter no ar e se renovar. E os dois se parecem ainda mais quando falamos de final, onde uma revista ou um canal podem adiar seu fim para arrecadar mais dinheiro. Infelizmente o mundo é assim, nem sempre um criador tem total controle sobre suas obras, esse é um dos fardos de quem faz sucesso nesses meios. Só cabe aos criadores baterem o pé e imporem suas vontades para deixarem suas criações como foram concebidas para ser, ou você acha que tudo tem que ter uma continuação como um tal de Dragon Ball Super aí...
The Promised Neverland não é o melhor mangá, nem é o melhor da Jump atualmente, na minha opinião, claro (Dr. Stone <3). Tem seus tropeços, algumas coisas não funcionam muito bem na obra e alguns personagens são bem ruins, mas no geral é uma boa obra, e conseguir fazer seu próprio fim ao seu próprio tempo é um grande ponto para esse mangá.


Felizes são aqueles que como Breaking Bad e supostamente The Promised Neverland conseguem terminar suas obras como querem.