sábado, 11 de maio de 2019

As Lanças da Tartária [Parte 1]


Escrito por Malcolm Wheeler-Nicholson

Cascos de cavalo tinham pisoteado impérios até virarem poeira. Nenhum homem sabe que forças invisíveis moveram continuamente as vastas tribos de nômades asiáticos até transbordarem a Alta Tartária e inundarem a civilização. Mesmo agora, o estrondo dos cascos das hordas de Átila ainda ecoava pelos séculos. O Império Romano tinha sido esmagado pelos gritos dos cavaleiros nômades e pelo relinchar dos pôneis tártaros.
Desde então, novas nações nasceram e morreram. Desde então, um fanático arrieiro tinha saído do deserto e dito frases ardentes em Meca, e suas palavras tinham acendido a chama do Islã. Austeros muçulmanos galoparam pelas terras desérticas punindo os infiéis com fogo e espada. Cavalos árabes de pernas delgadas carregaram os seguidores de Maomé e a cimitarra do Islã. Mas, bem antes disso, o luxo e a riqueza obtidos pelos conquistadores tinha gerado indolência e preguiça. Os cavalos árabes de pele sedosa perderam seu vigor.
Mas nos planaltos da Ásia, os pôneis tártaros ainda batalhavam contra os severos ventos do Gobi e lutavam por cada pedaço de grama no território.
Nos últimos tempos, um rumor tinha começado a se espalhar pelo Islã. Homens lançavam olhares preocupados ao Portão Sungário, a passagem por onde todas as hordas nômades tinham vindo da Alta Ásia. O Xá do poderoso Império Persa riu quando seus conselheiros lhe lembraram de Átila, o Huno, e falaram de um novo Flagelo de Deus, um certo Genghis Khan, cujo número de guerreiros só era superado pelo número de folhas nas árvores ou pelo número de grãos de areia das praias, e cujas hordas de cavalos preenchiam as planícies até o longínquo horizonte.
E, ainda assim, o Xá riu, esquecendo dos grandes impérios que tinham se dissolvido em pó sob os cascos das hordas de cavalos nômades.
Um vento frio soprava na Alta Tartária. Houve uma chuva de meteoros naquela noite, e os habitantes da cidade muçulmana observaram a bola de fogo que pairou por quase um minuto sobre o topo da mais alta torre da grande mesquita.
“Isso certamente significa que o mal está por vir!” sussurraram entre eles.
Inconsciente dos sussurros, despercebido pelos habitantes e imperturbado pelos portentos, um cavaleiro solitário percorria o caminho até o portão oeste de Otrar. Como o sol já havia se posto, o Capitão do Portão já tinha fechado a entrada da cidade, e o viajante solitário tinha pouca esperança de entrar naquela noite, a não ser que algum grupo de viajantes ou alguém importante demandasse passagem. Nesse caso, o viajante solitário esperava entrar despercebido entre a multidão, uma tarefa não muito fácil. Ele era mais alto que a maioria dos habitantes do poderoso Império Persa, mais alto e de pele mais clara, o que não era surpreendente, já que tinha vindo de terras distantes do oeste. Um sobretudo desgastado sobre o qual estava brasonada uma cruz, sua espada longa e fina, e a cota de malha protegendo seu forte peitoral, seus ombros, flancos e coxas, mostravam que ele era um dos Cruzados que ainda mantinham uma base de operações no limite da costa da Terra Santa. Alan de Beaufort tinha toda a força de um lobo, e, como um lobo, ele tinha visto mais batalhas do que merecia desde que deixara a Normandia. Amarga tinha sido sua jornada, mesmo na própria Terra Santa. Seu senhor tinha lhe traído e lhe forçado a procurar abrigo entre os inimigos da Vera Cruz. Impelido ainda mais ao leste, atormentado e em perigo por causa dos muçulmanos, ele se encontrava, enfim, diante dos portões de Otrar, o posto avançado do poderoso Império Kharesmiano, que se estendia da Índia até Bagdá, e do Mar de Aral até o Golfo Pérsico. Homens contavam estranhas histórias sobre um tal Preste João, que diziam ser o rei de um misterioso povo cristão nos planaltos da Tartária. Era em direção a esse nebuloso santuário que o cavaleiro cristão, Alan de Beaufort, estava a caminho.
Desmontando, ele se pôs nas sombras de uma árvore perto do portão e observou as duas tochas queimarem e crepitarem nos muros, suas chamas refletindo no elmo da sentinela que andava para frente e para trás sobre os portões. Por trás do muro situava-se uma populosa cidade, na qual ele poderia se esconder, e encontrar comida e abrigo. Fora dos muros, havia a paisagem desolada infestada de bandos saqueadores.
***
         Tanto homem quanto cavalo estavam cansados, mas ambos ergueram as cabeças quando ouviram algo se agitar na escuridão atrás deles, um barulho que aumentou de volume e se transformou numa confusão de pés humanos e patas de animais. Alguém estava procurando entrar na cidade, e Alan pôs seu pé sobre o estribo e montou no seu cavalo, guiando-o de volta às sombras enquanto as formas de muitos homens a cavalo saiam da escuridão e se aproximavam do portão.
         Na luz fraca das tochas, revelou-se uma caravana de mercadores, homens baixos, de olhos pequenos e com armadura pesada, cavalgando pôneis peludos e conduzindo muitos animais bem carregados. Mercadores da Tartária, evidentemente, trazendo peles e prata para comercializar, tapetes e sedas. Seu líder era um homem mais alto que seus companheiros, com olhos aguçados como uma águia e uma perspicácia incomum num mercador. Ele pedia admissão numa voz gutural que carregava um tom de autoridade. O Capitão do Portão, reluzindo o vermelho em sua armadura prateada, inclinou-se arrogantemente sobre sua cimitarra sobre o muro e o questionou.
         Alan estava muito longe para ouvir as perguntas e respostas, mas, evidentemente, estavam se entendendo bem, pois houve uma agitação nas torres do portão e os dois enormes portais lentamente se afastaram para trás, revelando um amontoado de lanceiros na entrada.
         A caravana de uns vinte mercadores e o dobro de animais começou a se movimentar. Alan não perdeu tempo, silenciosamente se infiltrando entre os cinco ou seis viajantes que compunham a traseira do grupo. Com eles, ele entrou nos portões. Mal seu cavalo colocou os cascos sobre as lajes de pedra da rua, os portões atrás dele se fecharam com um rangido. Por um momento, ele teve a sensação de estar preso e se amaldiçoou por entrar nessa cercania perigosa. Sua mão direita baixou até o cabo de sua espada na bainha de couro, e com aquilo foi capaz de recuperar sua confiança. Enquanto isso, seus olhos percorriam o local, notando o amontoado de lanceiros revestidos de aço que ficavam para trás, e percebendo outro grupo que marchava de uma rua lateral e tomava posição na frente da caravana. Isso era inquietante o suficiente por si só, e ele desejou sinceramente encontrar um local onde pudesse se esgueirar por uma rua lateral e se distanciar discretamente. Mas seu desejo foi condenado a não se concretizar quando, repentinamente, um lanceiro se colocou a seu lado e uma fila de homens armados se alinhou do início ao fim da caravana, cercando-a como um muro de aço.
         Havia algo sinistro naquilo. Alan, bastante familiar com o perigo para não reconhecê-lo, sabia institivamente que essa recepção incomum de uma caravana de mercadores era um sinal ruim. Ao brilho das tochas carregadas pelos lanceiros, ele estudou os rostos de seus companheiros, mas os mercadores baixos e de olhos pequenos conduziam adiante impassíveis, não demonstrando sinal algum de medo.
         O líder do corpo de lanceiros que cercava a caravana saiu da frente da coluna, abaixando sua cabeça para não bater nas varandas suspensas. Seu cavalo, um garanhão árabe de pelagem escura como carvão, bufava e gemia enquanto andava sobre as pedras do pavimento. O homem de olhar insolente era um turco seljúcida, de peito inflado e arrogante, usando uma joia em seu turbante, sua lâmina damascena em mãos. Alan puxou as dobras de sua capa mais próximas de si, pois os turcos seljúcidas não eram amigos dos Cruzados. O capitão dos guardas se aproximava cada vez mais, analisando atentamente o rosto de cada viajante. Ele estava agora ao lado de Alan, seus olhos aguçados fitando-o de cima a baixo enquanto o Cruzado disfarçado se arqueava sobre sua sela. Por um breve segundo, Alan achou que o guarda iria seguir em frente, mas sua esperança se desvaneceu quando o oficial turco moveu seu cavalo, se inclinou na sela e sussurrou alguma ordem para os guardas mais próximos, apontando para o alto cavaleiro.
         Os guardas se aproximaram, observando com renovado interesse o estranho em meio a eles. Mais guardas apareceram e reforçaram a fila naquele ponto. O capitão turco, após lançar outro olhar ao Cruzado, dirigiu-se à frente da coluna. A longa caravana passava com seus guardas por uma rua estreita, cujas varandas suspensas quase tocavam suas cabeças. Entre elas, Alan podia ver as estrelas brilhando friamente no céu claro. Ele sabia que ordens especiais de observá-lo tinham sido dadas aos guardas, e, sem chamar atenção, ele estudava cada ruela e cada beco enquanto cavalgava.
***
         Várias centenas de metros à frente de Alan, ele viu o tamanho e a vastidão da cidadela, e soube que era em direção a essa fortaleza que os prisioneiros estavam sendo levados. Ele sabia muito bem que isso era um presságio do mal, um mal que se estampava sobre ele enquanto as ruas se alargavam e eles passavam perto de um muro isolado. Um gemido veio de algum lugar lá em cima. Olhando para cima, Alan viu vários ganchos pendurados nos muros, ganchos como aqueles nos quais os carniceiros penduram suas carcaças. E, como se fosse uma carcaça, lá estava pendurado o corpo nu de um homem, suspenso cruelmente em meio ao ar, seus olhos entreabertos e sangue pingando das pontas de aço que perfuravam seu corpo.
         Tal visão fortaleceu a resolução de Alan. Por que as autoridades dessa cidade fronteiriça capturariam uma caravana de mercadores, ele não sabia; mas, sendo a justiça de Maomé do jeito que era, e já sendo bem conhecida a crueldade e rapacidade dos governadores do Xá, ele decidiu arriscar uma morte rápida ao invés de seguir estupidamente como uma ovelha em direção ao abatedouro.
         Eles tinham agora passado o grande muro isolado e estavam novamente na passagem estreita das casas. À direita de Alan estavam dois ou três dos baixos mercadores de olhos pequenos. Bem silenciosamente, ele adiantou seu cavalo à frente dele, e começou lentamente a forçá-lo em direção à fila de lanceiros no flanco. Sua troca de posição foi tão discreta, que nem mesmo olharam para ele. À sua frente, agigantava-se o portão negro da cidadela, a uns cem passos. Entre ele e a entrada sombria, uma rua levava a algum lugar à direita. Era por esse caminho que ele planejava fazer sua fuga. Sob seu casaco, ele começou a deslizar sua espada da bainha, levantando-a centímetro a centímetro, cada vez mais e mais alta, com suas mãos na fria lâmina de aço. Faltavam poucos metros para a esquina. Ele tinha retirado três terços da sua espada da bainha, o punho dela descansando sobre seu ombro debaixo do casaco. No mesmo momento, o Capitão da Guarda começou a sair da frente da coluna, Alan agarrou a espada com sua mão direita, curvou-se sobre a sela e equilibrou-se, tenso como um gavião prestes a atacar.
         Os olhos aguçados do capitão turco entenderam a situação num instante. Ele gritou aos guardas, que marcharam até ele a pé, mas Alan já tinha sacado sua lâmina com um zunido seco e austero, esporeando seu cavalo e se dirigindo ao lanceiro mais próximo. Sua lâmina penetrou o casaco do homem e atingiu a articulação do seu ombro. A investida do cavalo fez os outros lanceiros recuarem, mas, forçados pelos gritos do capitão, eles rapidamente se recuperaram e começaram a atacar o intrépido cavaleiro acima deles. Pontas de lanças famintas se lançavam em direção ao Cruzado. Da primeira, ele desviou; na segunda, ele golpeou, cortando o punho do seu portador com um só movimento. Ele estava agora na entrada da rua lateral, lutando como um cervo cercado por uma matilha de lobos. Outros guardas se juntaram ao combate, até haver uma pressão contínua e um bando de homens em volta dele. O capitão turco estava forçando seu cavalo através de seus homens para chegar perto do Cruzado, sua cimitarra refletindo a cor vermelha das luzes das tochas enquanto ele procurava uma abertura. Alan se ergueu em seus estribos. Sua espada oscilava ao seu redor como um círculo de aço. Ele gritava e golpeava. O capitão turco se aproximava com seu cavalo. De repente, Alan se inclinou bruscamente para a esquerda, focando diretamente a garganta do homem. O turco se jogou para trás na sela, desviando por pouco do golpe vicioso que, ainda assim, atingiu seu ombro, forçando-o a soltar sua lâmina.
         Com incrível rapidez, Alan se recuperou, golpeando e cortando o círculo de lanceiros ao seu redor, até enfim se livrar da multidão. Com um movimento final em direção a um lanceiro alto que estava se empenhando em machucar seu cavalo, ele livrou seu animal do combate e galopou em direção à rua estreita.
         Entre os gritos e a confusão, o barulho do aço colidindo com aço e o ruído dos casos dos cavalos, a rua repentinamente ganhou vida. Janelas se abriam; portas se escancaravam. Pessoas se apinhavam nas varandas e na rua. Em um segundo, o quarteirão estava em alvoroço.
***
         Com um desespero repentino, Alan viu uma sombra maciça bloqueando o caminho à sua frente, e percebeu tarde demais que tinha fugido para uma rua sem saída. Atrás dele, os guardas estavam em perseguição, avançando rapidamente em meio às multidões que preenchiam o local. Do outro lado da rua, mulheres gritavam nas varandas, apontando para ele. Luzes estavam se aproximando e as tochas de seus perseguidores ficavam visíveis, iluminando a ponta de suas lanças. Uma flecha zuniu pelo ar e se enterrou na moldura de madeira da varanda a uns quinze centímetros dele. Ele virou seu cavalo para enfrentar seus perseguidores, determinado a morrer bravamente, se necessário. Eles avançaram como uma matilha de lobos guiados pelo cheiro, e estavam agora a vinte passos, um amontoado sólido de homens armados ocupando todo o espaço da rua. Diante dele, havia um muro de aço, e, atrás dele, um muro de pedra! Alan inclinou a cabeça para trás e riu, atirando sua lâmina para cima e pegando ela levemente pelo punho, enquanto se ajeitava mais firme na sela. Acima dele, assomava a escuridão de uma varanda, suas vigas de suporte pouco mais de um metro sobre sua cabeça. Nela, reluzia em contraste com a escuridão uma figura que ele presumiu ser uma mulher. Sua voz chegou até ele.
         “Suba, Cruzado, suba!” disse a voz em Latim, uma língua que era como a sua, e ele olhou para cima, assustado. As pontas famintas das lanças estavam a poucos passos de distância. Uma figura coberta de aço saltou em direção ao seu cavalo. Ele a cortou rapidamente e riu de novo ao desviar da investida de uma lança.
         De repente, ele saltou dos estribos e, com a mão no punho da espada, ficou de pé sobre a sela. Desse ponto de vantagem, ele pulou para a varanda ao mesmo tempo em que seu cavalo foi ao chão com um relincho. Uma flecha atingiu o ponto entre seus braços esticados. Com grande esforço, ele se puxou para cima e, num segundo, saltou sobre o parapeito da varanda.
         Gritos altos vinham lá de baixo. Homens começaram a bater com suas lanças na porta. Com a espada debaixo do braço, Alan parou por um segundo, fitando a figura diante dele. A mulher gesticulou e ele a seguiu pela longa e estreita entrada, indo parar num cômodo de teto baixo, banhado numa luz suave e rosada que se projetava de uma lâmpada de prata pendurada por correntes. Ele olhou ao seu redor, vislumbrando os maravilhosos tapetes e divãs, as cortinas de seda, e os objetos de jade e marfim. Então, olhou para a mulher, e viu que ela era apenas uma moça de dezoito verões, com um rosto soberbo sustentado por um pescoço delgado.
         “Devo agradecê-la por sua ajuda”, ele disse solenemente, “mas não posso ficar aqui e colocá-la em perigo. Quem é você?” ele perguntou, curioso.
         “Não importa quem sou, mas venha”, ela sussurrou, levando-o ao outro lado do cômodo, a uma porta estreita atrás de uma cortina de seda. Quando ela a abriu, Alan pôde notar o frescor e a palidez de sua pele, e a beleza de seu andar, decidindo prontamente que não era uma mulher muçulmana, mas, sem dúvida, uma mulher nobre de uma raça próxima a sua. Uma pequena cruz grega dourada balançava no pescoço dela, convencendo-o que estava certo. Mas não havia tempo para perguntas, pois os gritos e os golpes na porta ficavam cada vez mais altos, e comandava-se imperativamente que abrissem em nome da lei.
         A garota abriu a pequena porta, revelando um lance de degraus que subiam para a escuridão. Sem uma palavra, ela agarrou sua mão e o levou para cima. Ele a seguiu, tropeçando nos degraus estreitos, estranhamente empolgado com o contato da mão delgada com seu punho peludo. Em alguns segundos, chegaram ao topo, e a garota abriu outra porta que dava ao teto.
         Ela apontou para os telhados planos e extensos.
         “Vá!” ela disse, “esconda-se.”
         Ele se endireitou e balançou sua cabeça teimosamente.
         “Não posso te deixar enfrentar a matilha de lobos sozinha”, ele disse calmamente.
         A cabeça dela se inclinou de leve, ouvindo os gritos que aumentavam lá embaixo. Os gritos pararam de repente quando a porta da rua foi derrubada, e o ruído de passos podia ser ouvido subindo a escada.
         “Não, não”, ela sussurrou ansiosamente, “eles não ousariam me machucar. Vá, te imploro!”
         “Tudo bem, então”, ele disse. “Mas jure pela Vera Cruz que nenhum mal recairá sobre ti.”
         “Eu juro, sobre a Vera Cruz, vá, antes que seja tarde demais!” ela sussurrou freneticamente, enquanto a casa abaixo deles se enchia com os gritos dos perseguidores.
         Mas ele ainda hesitou.
         “Não sei seu nome, nem como te verei de novo”, ele contestou.
         “Eu me chamo Helene, a filha do Estratego, e – e se por acaso não conseguir fugir esta noite, venha ao amanhecer até essa porta e bata três vezes”, ela disse sem fôlego, e puxando sua túnica branca consigo, ela se foi.

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